Como se fosse um astronauta sem capacete no espaço, grito em vão, grito ao infinito. Pois o som não se propaga no vácuo e ainda assim eu sempre insisti. Por que eu insisto? Insisto como um marinheiro de primeira viagem na esperança de reencontar o caminho de volta, talvez o caminho para SE reencontrar, fazendo sinais de uma pequena lanterna e na tola esperança de que, se houver um farol apagado, que ele veja e dê sinal de volta. Impossível.

É estúpido, eu sei, mas depois de tanto tempo no meio do nada e sem saber para onde ir ou saber onde parou, o SILÊNCIO se torna um companheiro traiçoeiro, e aliado ao NADA, temos alucinações, enxergamos miragens, criamos esperanças infundadas e absurdas e depositamos nossa fé numa miragem de oásis no calor do nosso peito. E se perguntando: "Onde existe água? ainda há água?"

Não me importaria ao menos UMA miserável vez ser procurado por resgate dessa minha vida insípida e sem aventuras que perdi. Sei lá, ainda espero o sinal do farol, o piscar de alguma estrela, luz de velas ou até o reflexo da água num poço abandonado...mas algo que possa me fazer entender que nem tudo está perdido.

Me procure, me encontre, pois por mais que eu pareça não me importar, ainda vivo dias que se foram. Me busque, me tenha, sei que você consegue, sei que me acharia, pois eu sei, que EU, encontraria você onde fosse.
Por favor, farol. Ficar no escuro no meio do nada ouvindo dentro do silêncio o som da onda que passou me deixa à deriva. Por favor, Farol, ligue a sua luz em minha direção. E quem sabe eu volte a sua órbita.
