Hoje, eu não acordei saindo do meu quarto de chinelos pra te abraçar no teu quarto pela manhã.
Sinceramente. Não sei por onde começar ou o que dizer exatamente.
Só sei que hoje me sinto estranho, sinto como se eu fosse aquele jogo de quebra-cabeça o qual perdi uma pecinha pela casa que nunca mais vou encontrar e ficar com o jogo incompleto.
É possível perder tanto? É. Infelizmente é.
2012 (avô/pai), 2014 (tio/pai/irmão)...e esse ano de 2017 (meu pai e amigão).
Em contra partida, o que me deu forças foram os anos de 2013 e 2015.
Ah, pai.
Chego a desconfiar de ter aprendido a ser forte contigo, afinal, o dia dos pais de hoje sem você, está sendo duro demais. Me desculpe pelas lágrimas.
Hoje, eu não acordei saindo do meu quarto de chinelos pra te abraçar no teu quarto pela manhã. Junto com minha irmã pulando na cama pra te tirar a preguiça, bagunçar tua cama e ir conosco pra sala começar o Domingo do dia dos pais. Hoje eu não cheguei na tua casa pro churrasco que tu já estava preparando quando eu chegava.
Degustava uma dose de Whisky com coca-cola, apesar dele não ser um apreciador de bebidas alcoólicas em geral, mas apreciava para aliviar o cansaço da semana de trabalho e relaxar. Ouvindo aquelas estações de rádio que eu dizia ser "coisa brega" ou "música de velho".
Ainda não sei pra quem telefonar pra avisar que o jogo do nosso Colorado vai passar na TV, comentando a grande vitória ou reclamando da derrota inacreditável.
Ainda não sei chegar em tua casa e ver somente a mãe. Que traz no olhar que me vê ao chegar, o mesmo que eu tenho quando não te vejo para me receber.
Há dias que eu sorrio lembrando de ti, de nós, nossa família. Mas tem dias que eu só gostaria de poder discutir um pouco mais contigo, reclamar, brigar e depois sentar do teu lado e voltar a conversar aos poucos, disfarçadamente. E sentindo ao final que tudo estava bem como sempre ficava. E pedir desculpas depois que a poeira baixava. Ou nem isso, pois nos entendíamos e nos desculpávamos pelo olhar de quem segurava o sorriso com o canto da boca.
Meu coração me deu garantias para dias como hoje, ao menos isso me conforta, foi um excelente pai, um avô incrível, um grande exemplo, amigo, parceiro. Um ótimo chefe de família e o melhor companheiro de minha mãe mesmo com todos os percalços que um casal pode ter.
Te elogiei, te xinguei, te pedi desculpas, te pedi perdão. Te abracei cada vez mais no nossa luta até o fim. Te disse "eu te amo" inúmeras vezes. Nunca te deixei perder as esperanças e fiquei do teu lado o quanto pude. Fui teu filho, amigo e também um pai do pai no fim de tudo. Isso me atenua um pouco a dor, pois eu fiz por ti, o que espero de minhas filhas na minha velhice.
Te amamos, oramos por ti e esperamos que fique bem onde estiver. Assim como te repeti incontáveis vezes na nossa luta: "Nós vamos conseguir, pai, de um jeito ou de outro." E de certa forma, nós conseguimos.
Hoje, vivo por ti. Hoje, eu continuo pelas minhas filhas.
Hoje, eu não acordei saindo do meu quarto de chinelos pra te abraçar no teu quarto pela manhã, pai...mas as minhas filhas vieram me acordar.
domingo, 13 de agosto de 2017
sábado, 14 de janeiro de 2017
Batalhas diárias
Para as batalhas diárias:
que as dificuldades sejam pequenas e que meu coração seja gigante.
E que o inimigo seja fraco, enquanto o meu café forte.
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