segunda-feira, 17 de maio de 2021

Do que ficou

     Aprendi a ver a beleza de uma vida monocromática

foram tantos mergulhos profundos por dias sem fim

aprendi a seguir correntezas e a retornar pra dentro de mim


     Apreciava as estrelas que contavam histórias de um outro eu que perdi

segui em frente, mas os caminhos me trouxeram novamente aqui


     Então uma luz acendeu, na minha sala escura

ouvi teus passos

senti você sorrindo, trazendo o sol que eu não pude mais ver

eu jurei nunca mais sentir tudo de novo

eu nunca curei as feridas das músicas que cantei

do meu farol eu vi você aprender a viver sem mim

te vi feliz, trilhando tudo que planejamos

e nunca me perdoei por eu não ter ficado ao teu lado

eu iria conseguir, mas eu precisava de um tempo que ironicamente, foi mais do que eu precisava.


     Sei que você viveu, dançou, sorriu,

cantava canções de ninar e esperava alguém chegar no fim do dia

E poderia ser eu, eu queria que fosse.


     Mas eu aprendi a lutar por mim, seguir, viver

e agora você reaparece, depois dos montes que escalei

das lágrimas pesadas caídas do meu olhar e passos lentos pelas ruas


     Você prepara um jantar que e eu ainda sonho em chegar

cansado, com saudade e te beijar antes de um gole de vinho

eu ainda queria ser esse cara, mas a vida não parou

sei que ainda somos nós, em algum lugar lá atrás, ainda somos nós ( talvez nem tanto),

mas eu não posso pensar nesse caminho


     Ainda lembro as tuas cores

da estrada e a minha fé

dos poemas com aroma de café

você sabe bem tudo que senti, e o quanto eu nos quis de volta.


     Porém, o passado não recebe atualizações, e hoje somos outras pessoas. E talvez do que lembramos, não tenha ficado...nem o mesmo gosto de um café passado.